Amianto: Como identificar nas casas e edifícios?

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O amianto foi utilizado largamente em Portugal nas décadas de 70 e 80, especialmente em materiais de construção, permanece ainda em muitos edifícios antigos e certamente também em casas de habitação. Falamos do amianto, um inimigo para muitos desconhecido, da nossa saúde.

Em um Comunicado a Quercus alerta para o facto de a Lei (n.º 2/2011, de 9 de fevereiro), que definiu a obrigatoriedade de identificar o amianto nos edifícios públicos, continuar por cumprir, 5 anos após a sua publicação.

O comunicado apela aos governantes para a necessidade de identificar a totalidade dos materiais que contenham esta fibra mineral e avaliar o risco para os trabalhadores e principalmente ocupantes dos edifícios que lhe estejam expostos, sinalizando situações prioritárias e definindo medidas para, sobretudo, prevenir ou minimizar essa exposição, com a emissão de um Plano de Ação para o Amianto.

O que sabemos nós, cidadãos “comuns”, sobre este perigo para os trabalhadores em edifícios públicos e sobretudo crianças nas escolas, moradores em prédios que tenham mais de dez, quinze ou até vinte anos?

Lembremos que a Airfree desde sempre tem alertado para os perigos dos materias de construção sem BI, os chamados “edifícios doentes”…

A Dra. Cristiane Minussi, Bióloga, fez-nos o ponto da situação deste material que, muito utilizado em acabamentos no passado, deveria estar hoje completamente banido, devido aos seus perigos para a saúde.

Mas o que é o amianto?

O amianto é uma fibra mineral presente nas rochas e no solo. Dentro de casa, por ser altamente resistente ao calor, ele pode ser encontrado em acabamentos usados como isolantes e anti-fogo. A substância também tem sido usado numa ampla gama de produtos manufaturados, principalmente em materiais de construção (telhas, telhas de teto e piso, produtos de papel e produtos de fibrocimento), produtos de fricção (embraiagem do automóvel, travão e peças de transmissão) , tecidos resistente ao calor, embalagens, juntas e revestimentos, depósitos e tanques para fornecimento e armazenamento de água.

De forma geral, ele pode ser encontrado em:

– Materiais em Fibrocimento

– Isolamento do sótão e paredes

– Pisos de vinil e alcatifas

– Fitas de estore

– Telhas e coberturas em fibrocimento

– Revestimentos de paredes

– Paredes e pisos à volta de fogões a lenha

– Tubagens e condutas

– Fornos de petróleo e carvão

– Juntas de portas

– Tecidos resistentes ao calor (toalhas, mantas)

– Embraiagens e travões de automóveis

– Eletrodomésticos

O que fazer para o reconhecer?

É difícil reconhecer se um acabamento possui amianto apenas por olhar para ele. Desta forma, para nos protegermos, especialmente em residências mais antigas, deverá ser contratado um profissional especializado em reconhecer e remover amianto, se o morador quiser ver realizado esse trabalho. O risco para a saúde acontece quando o material é perturbado e as fibras são inaladas.

Exposição

Dado que são fibras utilizadas principalmente em acabamentos e isolamento, a exposição ao amianto ocorre quando o material é perturbado, como em casos de reformas, obras e demolições. Contudo, em materiais de construção que estejam íntegros, dificilmente ocorrerá a libertação de fibras e a sua exposição.

No entanto, especialistas afirmam que, mesmo sem obras o amianto pode ficar degradado com o passar dos anos, representando risco.

Efeitos na saúde

O amianto pode causar graves problemas de saúde e não existe quantidade de exposição segura. As doenças vão desde o cancro do pulmão até o mesotelioma, um tipo raro de cancro, relacionado exclusivamente com a exposição ao amianto, que afeta um fino revestimento do pulmão, coração, abdómen e tórax. Além disso o amianto pode causar a asbestose, uma doença benigna, mas associada igualmente à exposição às fibras de amianto.

Os danos no pulmão podem ser mais severos em fumadores e os casos podem ocorrer “apenas” após 15 anos ou mais da exposição inicial.

Uma ”prioridade” esquecida

Segundo a Quercus, “apesar de comprovado o risco das fibras e a relação causal entre estar-lhe exposto e o desenvolvimento de doenças como cancro (mesotelioma, cancro do pulmão, cancro do ovário, cancro da laringe ou cancro do estômago), que levou a que o amianto fosse considerado “prioritário” pelo Comité Económico e Social Europeu, em Portugal continuamos a desconhecer onde foi utilizado e se existe exposição, apesar da obrigação para a sua identificação nos locais de trabalho.”

Para a Associação Nacional de Conservação da Natureza, contudo, “continua a não haver licenciamento ou acreditação profissional para as empresas que removem o amianto, nem controlo nas intervenções: o amianto é removido sem desocupar os edifícios – prática comum em escolas; não são assegurados mecanismos para minimizar a libertação de fibras – não acautelando, portanto que os espaços ficam “limpos” após a retirada do amianto; a ACT – Autoridade para as Condições do Trabalho – não inspeciona todos os trabalhos com amianto e não há garantia do cumprimento dos planos de trabalho aprovados para as obras.”

Apesar da sua proibição em 2005 a nível comunitário, surpreendentemente, em Portugal não foi realizado um inventário dos edifícios públicos que contenham amianto. Desta forma, a aplicação da lei torna-se ineficiente e infelizmente não existe estimativa de quantos locais ainda o apresentam…

Referências:

– Dra. Cristiane Minussi – Bióloga, PhD em fungos e bactérias.

– Eng.ª Carmen Lima, do Centro de Informação de Resíduos da Quercus

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