Para responder se somos alérgicos, primeiro precisamos saber um pouco mais sobre as alergias aos ácaros e locais em que eles habitam.
Esses seres microscópicos vivem por um período de 2 a 3 meses, durante os quais acasalam uma a duas vezes e colocam cerca de 50 ovos de cada vez.
Desta forma, cada fêmea pode produzir uma média de 100 ovos durante a sua vida.
Os ácaros crescem através de mudas ou ecdises, tal como os insetos. Alimentam-se sobretudo das escamas de pele que libertamos diariamente, escamas de animais domésticos e de fungos (neste caso, alguns tipos de mofo) e gostam de temperaturas entre os 18o e os 32oC, facilmente encontradas nas nossas casas.
O maior fator que pode limitar a sua proliferação é a humidade. Portanto, como entre 70 a 75% do peso corporal do ácaro do pó doméstico é constituído por água, eles só se reproduzem se essa proporção for mantida.
Dormindo com o inimigo… Os ácaros!
Problema nosso, já que essas condições de alimento e humidade existem em locais específicos das nossas casas, sobretudo nos colchões e travesseiros, que acumulam a maior concentração de humidade e escamas de pele. Mas noutras superfícies porosas podem também encontrar-se grandes concentrações destes animais, a exemplo dos sofás, almofadas, cortinas, peluches, roupas, edredons e cobertores, entre outros.
Sendo assim, como saber se tem, ou não, alergias aos ácaros?
- Ao deitar, ou logo ao acordar, espirra muito, sente o nariz entupido, ou tem mesmo alguma crise de asma?
- Sofre com espirros sempre que faz a cama? Nessa altura levantamos grande quantidade de pó doméstico, onde existem esqueletos de ácaros e fezes dos mesmos. E são estas últimas a principal fonte de alérgenos, proteínas que deflagram as alergias.
- Sofre com alergias sempre que entra em contacto com peluches ou outro material poroso?
- Ao vestir uma roupa, ou colocar na cama um cobertor, se forem peças há muito guardadas no armário, apresenta sintomas de alergia?
Se a sua resposta for “sim” para qualquer uma destas perguntas, então pode ser que tenha alergia aos ácaros. E essa possibilidade é alta, já que 80% dos alérgicos lhes são sensíveis.
Mas essas perguntas não são suficientes para confirmar um caso de alergia aos ácaros. Isto porque eles pertencem à poeira doméstica, e todos os componentes dessa poeira também as podem deflagrar.
Para perceber melhor, veja como é que o pó doméstico é composto:
Por fibras, como as de móveis e estofos
Partículas, incluindo as que são trazidas pelos sapatos
Pelos de animais e os seus alérgenos
Pólenes e os seus fragmentos
Restos de insetos
Microrganismos, entre os quais as bactérias e os fungos.
Desta forma, além dos ácaros, todos os componentes desse pó podem deflagrar alergias, já que o mesmo circula e se acumula sobre os objetos e roupas.
Assim, é importante consultar um especialista, já que será o médico alergologista a prescrever os necessários testes:
Skin prick test ou teste cutâneo
Este é o mais comum, sendo rápido e indolor. Consiste numa leve perfuração na região do antebraço, onde é aplicada uma pequena quantidade do alérgeno de escolha, podendo ser aplicados alérgenos de ácaros. Após cerca de 20 minutos o resultado será positivo se for observada reação alérgica no local, semelhante a uma pequena picada de inseto. Contudo, caso existam lesões na pele, este teste não poderá ser realizado.
Teste de provocação nasal
Neste caso, o alérgeno de ácaro é nebulizado diretamente no nariz do paciente, para verificar uma possível reação alérgica. É um teste menos utilizado, já que pode desencadear reações fortes e indesejáveis, e só pode ser realizado por alergologistas, em hospitais.
Teste sanguíneo
Este teste é feito em casos específicos, como os que seguem:
a) Quando o paciente está a utilizar um anti-alérgico e não pode interromper o seu uso. Neste caso, a reação alérgica pode não ser observada no teste cutâneo, mesmo que o paciente tenha alergia aos ácaros.
b) Em casos em que houve, anteriormente, reações severas a outros testes
c) No caso de existirem lesões na pele, ou em que a pele seja muito sensível.
No teste sangíneo é feita uma coleta de sangue laboratorial e é avaliada a presença do anticorpo IgE (Imunoglobulina E) específica para ácaros, sendo o mais preciso.