Tuberculose: A doença que ficou no passado

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Existe, e com uma prevalência muito maior do que às vezes se imagina…

Apesar de grave e mortal, pode ser prevenida pela vacina,

e o tratamento correto garante a cura do paciente.

24 de março é o Dia Mundial da Tuberculose.

 

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A tuberculose é uma doença infecciosa causada pela bactéria Mycobacterium tuberculosis ou bacilo de Koch, e transmissível através do ar quando pessoas com a forma ativa da doença espirram, tossem ou falam. Durante o ano são notificados 6 milhões de casos em todo o mundo, sendo que 1 milhão deles resulta em óbito.

Portugal apresenta-se como um país europeu com alto índice de diagnóstico e incidência de 20 casos a cada 100.000 habitantes, com cerca de 2000 casos novos a cada ano. Os principais ocorrem em áreas urbanas, sendo 31% em Lisboa e 28% no Porto.

A forma mais comum da doença é a pulmonar, porém também pode acometer a laringe, ossos, articulações, pele, glânglios linfáticos, rins e sistema nervoso. A doença pode alastrar por outras partes do corpo, atingindo inclusive as meninges (membranas que revestem medula e encéfalo).

 

Sintomas

Entre os seus sintomas pode mencionar-se a tosse prolongada com expectoração, febre (geralmente ao final do dia), suores noturnos, falta de apetite, emagrecimento, cansaço fácil e dores musculares. Dificuldade na respiração, eliminação de sangue (Hemoptise) e um acumular de secreção na pleura pulmonar são características em casos mais graves.

 

Tuberculose & SIDA

Apesar dos números da tuberculose terem diminuído drasticamente no século XXI, com o surgimento dos casos de SIDA ela voltou a ser uma preocupação mundial. Em indivíduos saudáveis, apenas 10% dos casos de contato resultarão em desenvolvimento da doença, sendo 5% nos primeiros dois anos da data de contágio e o restante após esse período.

No entanto, para indivíduos com sistema imunológico debilitado essa percentagem é superior. Sabe-se que 20% dos pacientes com tuberculose são HIV positivos, sendo a gravidade da doença geralmente superior quando comparada a indivíduos saudáveis.

 

 Outras situações de risco

Incluem o abuso de drogas injetáveis; infecção recente de tuberculose nos últimos 2 anos; raio-x do tórax que sugira a existência de tuberculose (lesões fibróticas e nódulos); diabetes mellitus, silicose, terapia prolongada com corticosteróides e outras terapias imuno-supressivas, cancro na cabeça ou pescoço, doenças no sangue ou reticuloendoteliais (leucemia e doença de Hodgkin), doença renal em estágio avançado, gastrectomia, síndromes de má absorção crónica, ou baixo peso corporal (10% ou mais de peso abaixo do ideal).

 

O TRATAMENTO

 

É feito a partir de 3 medicamentos que atuam em diferentes fases da infecção e é longo, não devendo ser interrompido, pois isso levará à seleção de bactérias resistentes no organismo e à dificuldade em controlar a infecção. O aumento de bactérias resistentes aos medicamentos deve-se não só ao tratamento interrompido, mas também a eventos naturais de mutação genética.

Em caso de suspeita de tuberculose deve recorrer-se de imediato ao médico, sendo o diagnóstico realizado principalmente através da expectoração e da radiografia do pulmão.

Para diminuir a incidência da doença é recomendada a vacinação (BCG), principalmente em menores de 5 anos, o afastamento de drogas e diminuição da desnutrição, monitoramento próximo de pacientes HIV positivos, diabéticos e imunossuprimidos, e isolamento das pessoas infectadas.

 

Agradecimento:

Dra. Cristiane Minussi – Bióloga, PhD em fungos e bactérias.

 

***

DO ROMANTISMO À REALIDADE…

 

O nome tuberculose está associado a uma doença do passado, que entre o final do século XIX e meados do século XX dizimou grandes poetas românticos como Castro Alves e Álvares de Azevedo, no Brasil, e John Keats e Lord Byron, na Europa.

Personagem singular foi Noel Rosa, letrista popular brasileiro também conhecido como “Poeta do Samba”, cuja vida e desditas deram origem ao filme “Noel – Poeta da Vila”, que a TV Globo transmitiu recetemente.

Uma morte prematura, pelo mesmo motivo.

E um dos mais famosos poetas do Brasil, Manuel Bandeira, foi outro “paciente” da doença e escreveu sobre isso um poema em que, sem êxito,  solicitava ao seu médico um “pneumotórax”…

(Mas na verdade essa técnica – de colapso do pulmão, para que o mesmo cicatrizasse sozinho -, não tinha muito sucesso e acabou por ser abandonada…)

 

Ora recorde o leitor, esta escrita genial:

http://medicineisart.blogspot.com.br/2010/06/manuel-bandeira-o-poeta-tuberculoso.html

Não esquecer que ela existe!

Numa época em que o tratamento era precário, a tuberculose obrigou centenas de pessoas a exilarem-se durante anos em sanatórios ou cidades com um clima favorável. Mas, ao contrário do que possa parecer a doença não ficou para trás.

Depois de décadas de queda – principalmente devido ao surgimento dos primeiros medicamentos, como a estreptomicina, nos anos 40 e 50 – a quantidade de pessoas infetadas voltou a subir rapidamente a partir do início dos anos 90, ao ponto de, em abril de 1993, a OMS a ter declarado com “uma “emergência global”.

 

ORIGEM DA DATA

 

O objetivo deste dia mundial de combate à tuberculose é alertar a população sobre a doença, com vista à sua completa erradicação.

A efeméride comemora-se a 24 de março, já que foi neste dia e mês que, em 1882, Robert Koch anunciou a descoberta da causa da tuberculose – o bacilo TB – descoberta que seria o início do diagnóstico e da cura da doença.

Assim, no centenário da data, em 1982, a Organização Mundial de Saúde (OMS) e a União Internacional Contra Tuberculose e Doenças Pulmonares decidiram criar este Dia. “Unir para acabar com a tuberculose” é o tema deste ano.

Coordenação:

MLG – Comunicação e Serviços

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