Solidariedade: optar por um olhar sobre o outro

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Assinala-se, a 20 de dezembro, o Dia Internacional da Solidariedade Humana. O conceito, de tão diversas vertentes, é enciclopédico. Por isso escolhemos abordá-lo “simplesmente” através de uma instituição que lhe toma o nome e por ele luta, a nível nacional…

“Viver com outros, ao lado de outros, o que implica naturalmente um olhar sobre o outro. Não vivemos isolados numa ilha ou fechados numa casa em que só nós e o nosso conforto contam…E neste panorama existem os outros. A solidariedade e a partilha são, pois, formas de estar na vida que nos colocam lado a lado com a realidade do “lado”, com a realidade do outro.

“A solidariedade e o voluntariado foram-se desenvolvendo dentro de mim desde muito cedo. E porque o ser humano é produto da sua história de vida, o contexto familiar onde estamos inseridos é, naturalmente, incentivador dos gostos e das escolhas que fazemos. Os meus pais sempre me incutiram a importância de olhar para fora e ‘conhecer’ a realidade dos outros, sem me fixar na minha pequena existência ou colar o olhar no meu próprio umbigo. O bichinho ficou e pegou. Desde muito pequena optei por fazer pequenas iniciativas de voluntariado. Comecei aos 11 anos, com rifas para angariar dinheiro para prendas de Natal a oferecer a crianças institucionalizadas e que viviam em orfanatos.

Já bem crescidinha, estive um mês em Moçambique a trabalhar com crianças e educadores e a ministrar ações de formação e sensibilização sobre educação e desenvolvimento pessoal e humano… Sim, foi uma ação de voluntariado, mas mais do que isso foi mais um ganho que contribuiu para hoje ser quem sou. Também faço voluntariado, uma vez por semana, numa comunidade cabo-verdiana. Afinal, eles moram ao lado… são espaços de troca de experiências e impressões acerca da pessoa, da vida, do mundo… Extremamente enriquecedor.”

“Agir contra a exclusão social”, em várias vertentes…

As palavras são de Patrícia Atalaya, Presidente de Direção da APSD – Associação Portuguesa de Solidariedade e Desenvolvimento, uma instituição de âmbito nacional cujo principal objetivo é o de “agir contra a exclusão social nas vertentes psicológica, social e jurídica.”

Esta associação sem fins lucrativos foi criada em Dezembro de 1996, tendo obtido em Junho de 2000 o estatuto de Instituição Particular de Solidariedade Social.
Com sede em Carnaxide, a APSD tem como público-alvo as populações mais carenciadas, designadamente Crianças e Jovens, Ativos pouco escolarizados e sem formação profissional, Desempregados, Beneficiários do Rendimento Social de Inserção, Imigrantes e Minorias Étnicas, e ainda as Vitimas e Agressores de violência doméstica.

A sua atividade desenvolve-se nas Regiões de Lisboa e Vale do Tejo, Algarve, Alentejo e Coimbra, com a missão de trabalhar com as pessoas e as comunidades de forma holística, facilitando e promovendo o processo de inserção social e profissional dos ativos e em especial das populações mais vulneráveis.

O que está em curso na APSD, como Projetos de Intervenção Social e Comunitária?

No BIG – Balcão para a Igualdade de Género – damos apoio e aconselhamento na problemática da Violência Doméstica e no âmbito de todos os seus intervenientes, o que marca a diferença relativamente à maioria das associações pares, que apenas apoia Vítimas de VD.

Outro projeto é o F360º, que faculta consultas de psicologia e acompanhamento psicoterapêutico, abrangendo problemáticas várias e generalizadas ao nível da saúde mental, consultas jurídicas, apoio à migração e consultoria, praticando preços sociais, de acordo com o rendimento familiar dos beneficiários:

E também organizamos Campanhas e Eventos de angariação de fundos para a realização de projetos de intervenção social.

Com que dificuldades se debatem, e que tipo de apoio seria bem-vindo?

Neste momento, os fundos da Comissão Europeia do actual Quadro Comunitário Portugal 2020 ainda não foram disponibilizados às IPSS e, consequentemente, a candidatura a novos projetos pela APSD está em “fase de espera”, o que nos traz vários constrangimentos, designadamente dificuldades ao nível da sustentabilidade. Temos esperança que a médio prazo abram novas candidaturas e sejam viabilizados projetos.

Para fazer face às dificuldades temos desenvolvido ações de angariação de fundos (jantares natalícios solidários, como o que tivemos nesta 4ª feira, dia 16, ou venda de brindes marca APSD) e de divulgação (organização de seminários, eventos lúdicos ao ar livre, como a Corrida “Mexa-se na marginal – De Igual para Igual contra a Violência”, em 2013, ou a “Caminhada pela Igualdade”, em Outubro passado.

E quais as vossas “ambições” para 2016?

Além de tudo o que já temos em curso, temos em carteira “pronto a funcionar” após auscultação do mercado, dois grandes projetos:

O primeiro é o SER (Solidário, Ecológico, Responsável), um Projeto Pedagógico no âmbito da intervenção educativa, em parceria com escolas e instituições locais e englobando Jardim de Infância e 1º Ciclo. Trata-se de um conceito novo a integrar nos períodos de início e prolongamento do dia e nos de interrupção escolar (férias Natal, Páscoa e julho) preenchido com atividades diferenciadoras ao nível das áreas de Solidariedade, Ecologia e Responsabilidade.

E este projeto inclui um Serviço de Psicologia para Crianças e Famílias – “Psicólogo na Escola” – com a criação de um Gabinete de Apoio à Família para tratar de problemáticas como a Violência no Namoro, Bullying, Violência Familiar, entre outras;

O segundo é o Psicólogo nas Organizações – que põe em prática o conceito da “Responsabilidade Social Empresarial”, tão conhecido e implementado nos dias de hoje – e de que em breve daremos notícia…

Por último, mais ambicioso que tudo: gostaríamos de alargar o nosso campo de atuação a várias outras zonas do País e aos PALOP, com especial incidência para África – Cabo Verde, Moçambique, etc.
Isto, claro, se os necessários fundos da Comissão Europeia chegarem por fim…
Contatos: http://www.apsd.pt ; Facebook www.facebook.com/apsd.pt

Agradecimento:
Patrícia Atalaya
Presidente Direção da APSD

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ORIGEM DA DATA

O Dia Internacional da Solidariedade Humana é celebrado anualmente a 20 de dezembro, tendo como objetivo destacar a importância da ação coletiva para superar os problemas globais e alcançar os objetivos mundiais de desenvolvimento, de forma a construir um mundo melhor e mais seguro para todos.

A data foi instituída pela Organização das Nações Unidas em 2005, por ocasião da celebração da primeira década das Nações Unidas para a Erradicação da Pobreza (1997-2006).

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