Quando é que vai acender o seu último cigarro?

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Parar de fumar tem sempre benefícios, imediatos e a longo prazo, em ambos os sexos, em todas as idades, em pessoas com ou sem doenças relacionadas com o tabaco. Falemos um pouco nisto, a propósito do Dia Europeu do Ex-fumador, que se assinala este sábado, dia 26.

Quem fuma (cerca de 2 milhões, no nosso país), divide-se entre os que dizem não conseguir parar e os que afirmam não quererem deixar esse hábito porque “gostam”, e isso lhes basta para recusar a tentativa, o desafio…
Mas para quem consegue abrem-se novos horizontes e novos pulmões para respirar, a liberdade de não ter de interromper tarefas a cada cinco ou dez minutos, gastar mais dinheiro do que se poderia, enfim, viver em função de um cilindro de 80 mm de comprimento por cerca de 6 de diâmetro, contendo nicotina, monóxido de carbono e alcatrão como alguns dos principais componentes.

PENSAR NUMA DATA, PLANEAR, CONSEGUIR.

“Acendi o último cigarro num dia 31 de Dezembro, às 23,50h… Foi há oito anos e nunca mais fumei.”
José Oliveira tem motivos para estar orgulhoso porque conseguiu acabar, sozinho, com um vício que durou 30 anos, ele que começou a fumar com apenas 10… – sim dez anos.
Às escondidas dos pais, claro. Mas como havia mais pessoas a fumar na família, e no clube da terra, onde ia jogar matraquilhos, havia algum fumo no ar conseguiu escapar à proibição durante algum tempo…
“E às vezes, quando tinha pouco dinheiro, comprava por vinte e cinco tostões um maço de “mata-ratos”. Para quem não sabe, era um maço de cigarros fininhos, sem filtro, e que não deviam saber muito bem e prejudicar a saúde, ainda mais…

A paragem, no último dia do ano, foi na verdade decidida meses antes. Conta:
“Estava na praia, no mar a brincar com o meu filho, e afastei-me para ir buscar uma bola lançada longe. De repente, numa braçada senti uma tremenda falta de ar e cheguei a pensar que não ia chegar à praia, tal não foi o cansaço e o pânico que senti. E eu tinha praticado natação durante quatro anos, por isso foi ainda mais estranho…
“Era Agosto, impus-me uma meta: no dia 1 de Janeiro deixo de fumar! Foi assim…comecei a reduzir e no primeiro dia do novo ano, parei.”

Redescobrir o olfato

Dono de um café José lembra que não foi fácil estar rodeado de clientes que fumavam e que nos primeiros tempos andava mais irritável, mas que a força de vontade falou mais alto…
“Comecei a beber muita água e arranjava mil coisas para me manter ocupado… Era capaz de limpar os vidros do estabelecimento duas vezes ao dia”, recorda, rindo.

Hoje acredita que foi a melhor decisão que podia ter tomado…
“Deixei de sentir cansaço ao andar mais depressa, ao subir escadas, e então no olfato foi a grande diferença, porque eu não tinha noção dos vários cheiros à minha volta e de repente dei por mim a senti-los e a poder apreciar o cheiro da relva, de um canteiro de flores, dos frutos… Foi como renascer, de certa forma…”

José teve a sorte de não ter desenvolvido uma doença grave durante os trinta anos que fumou, mas infelizmente isso é recorrente para um número cada vez maior de pessoas, em Portugal e no resto do mundo.

O “RELÓGIO” DA DESENTOXICAÇÃO

Hoje, toda a gente conhece os graves problemas para a saúde decorrentes do tabagismo. Mas os benefícios de deixar de fumar são surpreendentes…
Segundo um estudo da American Cancer Society, saiba ou recorde o que se pode esperar desde os primeiros minutos até 15 anos sem tabaco:

Depois de 20 minutos: A pressão sanguínea desce até à pressão normal;
Depois de 8 horas: Os níveis de monóxido de carbono no sangue descem metade
e os níveis de oxigénio voltam ao norma;:
Depois de 48 horas: A probabilidade de ter um ataque cardíaco desce; consideravelmente. O paladar e o olfato retomam os níveis normais;
Depois de 72 horas: Os brônquios relaxam e os níveis de energia sobem;
Depois de 2 semanas: A circulação de sangue aumenta e continua a melhorar
nas 10 semanas seguintes;
Depois de 3 a 9 meses: Tosse e problemas respiratórios dissipam-se e a capacidade pulmonar aumenta em 10%;
Depois de 1 ano: O risco de sofrer de um ataque cardíaco desce para metade;
Depois de 5 anos: O risco de ter um acidente vascular cerebral retorna ao de um
não-fumador;
Depois de 10 anos: O risco de cancro do pulmão é igual ao de um não-fumador;
Depois de 15 anos: O risco de ataque cardíaco retorna ao de um não-fumador.

“NUNCA É TARDE PARA DEIXAR DE FUMAR”

Segundo a Pulmonale – Associação Portuguesa de Luta contra o Cancro do Pulmão, “o tabagismo é o principal fator de risco para o cancro do pulmão”, já
que o desenvolvimento da doença é atribuído ao fumo do tabaco em cerca de 85% dos casos em Portugal.
O tabaco, no mundo, é responsável por cerca de 3,5 milhões de mortes por ano, cerca de 10.000 por dia. E a Organização Mundial de Saúde prevê que em 2020 o tabagismo se torne na maior causa de mortalidade e invalidez, causando mais mortes que a tuberculose, o VIH, a mortalidade infantil e os acidentes de viação em conjunto.
A Pulmonale deixa o alerta: “Quanto mais se fuma maior é o risco de cancro.”
E o conselho: A única forma de prevenir o cancro do pulmão é “não iniciar o consumo de tabaco” e, para quem fuma, “deixar imediatamente de o fazer”!

Integradas num grupo multidisciplinar que inclui apoio psicológico e de nutricionismo, a Pulmonale disponibiliza Consultas de Cessação Tabágica que estão abertas ao público em geral, de todas as idades, sempre com o objetivo de garantir o melhor acompanhamento possível, para que deixar de fumar se torne uma realidade facilitada. E apresenta o seu lema: “Na Pulmonale, deixar de fumar é já um hábito.”

“Ser livre e dona do tempo”

Ana L., residente no Porto, deu à Pulmonale o seguinte testemunho:
“E assim já lá vão 3 meses desde que fumei o último cigarro! Tirando a vontade de petiscar, tudo corre bem! Já houve momentos de stress tremendo, de festas, de viagens, de tristeza, de tudo o que a vida nos assiste em 3 meses.
Fazendo o balanço, se ainda não dou por terminada a vitória, porque sei que é uma batalha diária, penso que está a correr bem! Respiro melhor, cheiro melhor, gasto menos dinheiro; sobretudo, sou livre. E dou comigo a pensar que este será um dos fatores mais importantes! Ser livre e ser dona do meu tempo! Não ter de andar a correr para ir fumar, não estar na mesa a pensar que quero ir fumar, não estar em casa à espera de sair para fumar… Obrigada por tudo!”

O aspeto financeiro

José Manuel Oliveira, Coordenador da área da Psicologia da Pulmonale, refere que para além dos inúmeros benefícios para a saúde, deixar de fumar tem ainda a vantagem da poupança, que considera não ser menosprezável…
“Até à data, a Pulmonale ajudou os utentes que cessaram por completo a poupar, no seu conjunto, muitos milhares de euros. Não há nenhuma razão válida para continuar a fumar. A única decisão possível é deixar de o fazer sem, ou com apoio especializado. E neste caso, aqui estamos ao dispor.”

(Porto: Rua Júlio Dinis, nº 247, 3º Piso, sala E4; Lisboa: Av. Doutor Mário Moutinho | Av. da Igreja nº 68, 1º Dto.
Tel: 22 094 68 87; ajuda@pulmonale.pt

Agradecimentos:
*José Oliveira, ex-fumador;
* Pulmonale – Associação Portuguesa de Luta Contra o Cancro do Pulmão,
com José Manuel Oliveira – o mesmo nome e apelido são pura coincidência 🙂

Entrevista e coordenação de textos:
MLG – Comunicação e Serviços

ORIGEM DA DATA
O Dia Europeu do Ex-fumador celebra-se desde 2013 a 26 de setembro, nos países membros da União Europeia, e visa felicitar todos aqueles que conseguiram deixar de fumar ou que estão a tentar deixar esse hábito, encorajando, com o envio de mensagens de apoio e de parabéns, quem está a lutar contra o tabaco.
Criado pela Comissão Europeia e a Fundação Europeia do Pulmão, este Dia é apoiado por diversas celebridades. Em Portugal o embaixador da causa é o guitarrista Zé Pedro, dos “Xutos & Pontapés”.

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