Praias em obras até finais de agosto.

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Muitas estão mais pequenas e algumas desaparecem quando a maré sobe. Aos banhistas desolados juntam-se prejuízos para os concessionários, para a restauração, para o turismo. Alguns eventos tradicionais nesta altura, do surf à música, terão de dizer adeus.

Desaparecimento progressivo do areal nas praias:

Em complemento ao nosso post de 6 de Junho, sobre o desaparecimento progressivo do areal nas praias, e para “fechar” um tema agora na ordem do dia, falámos com a Eng.ª Carla Graça, Vice-Presidente da Direção Nacional da Quercus e que tem acompanhado de perto os problemas do litoral do País.

As entidades responsáveis indicam, aliás, que em certos casos as “obras” deverão decorrer até finais de Agosto!

Ao cidadão comum parece um absurdo que só agora se esteja a fazer reposição de areias nas praias. 

E as pessoas naturalmente interrogam-se sobre se irão encontrar as “suas” praias em alvoroço, como está por exemplo a da Costa de Caparica, onde os banhistas fazem acrobacias para chegar a bom porto, o ruído é uma constante – enfim, um desassossego comum a muitas praias nesta época balnear.

Diz a Eng.ª Carla Graça, a instabilidade do mar não deixou que estas operações tivessem sido feitas mais cedo. Explica:

“Esta realimentação das praias tinha de facto de ser feita, mas vai servir sobretudo como um reforço para o próximo Inverno. As tempestades foram tardias; o governo esteve à espera de ter fundos da União Europeia. Foram várias as razões para que isto não tivesse sido feito mais cedo.”

Ressalvando que esta reposição do areal é importante, a especialista admite que ela “só por si não resolve nada”, pois “tem de existir uma gestão integrada a nível de todas as bacias hidrográficas”.

Barreiras naturais desaparecem

Sobre os motivos que têm levado a esta diminuição da orla costeira, Carla Graça menciona, por exemplo, “a diminuição do aporte de sedimentos à costa, por causa das barragens e da extração de inertes nos rios. E são estes sedimentos, ou seja, as areias, que ao chegar às praias através dos rios, contribuem para a formação de barreiras naturais.”

Lembra também que a ocupação maciça junto à costa não permite essa retenção através de dunas e falésias…

“As próprias indicações da União Europeia nem sempre são respeitadas quanto ao recuo da ocupação. Alguma dessa ocupação está legal, mas no fundo está ‘indevidamente’ licenciada – ou seja, em muitos casos nunca devia ter sido dada a legalização.”

E acrescenta: “Assistimos agora, também com o agravamento das alterações climáticas, a enormes riscos de inundações, que são sempre maiores nas áreas urbanas, como por exemplo Vila Franca de Xira, Setúbal, Cascais, Costa da Caparica, etc., etc…”

Em resumo, fica um alerta aos governantes: o de que “é necessário fazer um planeamento faseado de recuo para este problema que estava previsto desde a década de 90 e a que não foi dada a devida atenção…”

Um conselho aqui fica também quanto às praias que já não estão como eram dantes: que os banhistas se acautelam, pois os solos estão remexidos, novas correntes estão a surgir e o nosso anterior conhecimento do mar em relação a esta ou aquela praia terá de ser agora reciclado!

Agradecimentos: Eng.ª Carla Graça, Vice-Presidente da Direção Nacional da Quercus

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