Jovens: Versatilidade e adaptação a mudança

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Aos jovens de hoje apresentam-se constantes desafios. A especialização já não é sinónimo de sucesso, sendo cada vez mais valorizadas as experiências diversificadas e competências informais

A propósito do Dia Internacional da Juventude, assinalado a 12 de Agosto, falámos com Vítor Sérgio Ferreira, investigador do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, e que participou no estudo “Emprego, Mobilidade, Política e Lazer”, onde se traça uma panorâmica do enquadramento dos jovens entre os 15 e os 34 anos nesses sectores.

O Estudo, que além de Vítor Sérgio Ferreira tem como autores Marina Costa Lobo e Jussara Rowland, do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, aborda situações e atitudes de jovens portugueses face aos desafios que enfrentam na atualidade.

Qualificados mas condicionados

E sendo que existe atualmente uma tendência para prolongar os modos de vida associados à condição juvenil até escalões etários mais avançados, este estudo dividiu os inquiridos (1.612 entrevistados residentes em Portugal continental) em dois grupos: o primeiro com idades compreendidas entre 15 e 24 anos, e o segundo entre os 25 e os 34 anos, distinguindo-os etariamente entre “jovens” e “jovens adultos”.

Os resultados mostram que eles são, desde logo, mais qualificados do que qualquer outra geração em Portugal, com variadas oportunidades de mobilidade no contexto da União Europeia e com um espectro de experiências de lazer mais diversificado em comparação com anteriores gerações. Apesar disso, segundo o Estudo, este grupo social tem sido desproporcionalmente afetado pela crise económica.

Conclusões e Números

Atitudes perante o desemprego

– As taxas de desemprego atingiram cerca de 1/3 da população jovem entre 15-24 anos.
– As qualificações superiores continuam a oferecer uma certa proteção contra as formas mais excludentes do mercado de trabalho.
– Em situação de desemprego, os jovens são a faixa etária que mais ativamente tende a diversificar as suas estratégias para sair dessa situação.
– A possibilidade de vir a perder o seu emprego revelou-se uma preocupação crescente e transversal à sociedade portuguesa, embora os trabalhadores mais jovens (15-24) sejam mais otimistas quanto à possibilidade de virem a encontrar um novo trabalho num curto espaço de tempo.

Mobilidade estudantil e laboral

– As novas gerações mais escolarizadas têm apresentado valores mais elevados de mobilidade estudantil internacional a nível do ensino superior.
– Os valores de mobilidade laboral para o estrangeiro são quase idênticos para os jovens com níveis de escolaridade mais elevados e menos elevados. Porém, as inserções laborais são distintas: os jovens pouco qualificados tendem a ter experiências de trabalho permanente, enquanto os estágios são mais comuns entre os mais qualificados.

Atitudes perante a política

– Ao contrário dos jovens adultos (25 a 34 anos), os jovens são o grupo etário que menos procura notícias sobre política, menos pertence a partidos e que participa pouco em associações cívicas – com exceção de grupos desportivos e associações juvenis e estudantis.

No entanto, especifica Vítor Sérgio Ferreira, “a valorização da política que acontece entre os jovens e os jovens adultos não decorre diretamente de uma questão etária, mas dos marcadores sociais que implicam esse momento da vida. Digamos que o fim da escolaridade, a entrada (ou a sua dificuldade) no mercado de trabalho e as implicações que a concretização deste marcador tem em outras dimensões do projeto de vida (nomeadamente de autonomia residencial e de constituição de uma nova família), são condições que estimulam algum interesse e reflexividade em torno dos temas e práticas políticas.”

Lazeres e uso de TICs

– As atividades culturais e de lazer são mais praticadas pelos jovens, especialmente as de carácter generalista que ocorrem fora de casa (atividades físicas e desportivas ou radicais, idas ao cinema, idas a espetáculos desportivos, idas a festivais de música).
– A prática de atividades culturais e de lazer é em larga medida definida pelas condições culturais e socioeconómicas dos indivíduos.
– O acesso à internet é generalizado para a quase totalidade da faixa dos 15 aos 24 anos.
– As finalidades de uso da internet são diversificadas e diferenciam os homens (download de filmes e séries, jogos) das mulheres (informação e leitura); os jovens (lazer) dos jovens adultos (fins mais utilitários).

Podemos aprender muito com os Millennials

As idades dos entrevistados para este estudo correspondem à chamada “Geração de Millennials”, que identifica precisamente os jovens nascidos entre 1980 e 2000 e que têm hoje entre 15 e 35 anos.
Sendo uma definição originária dos EUA, com algumas adaptações ela caracteriza também os jovens portugueses… – em número de 2,4 milhões, representando 22,7% da população.

Segundo um estudo da Escola Superior de Comunicação Social, estes jovens, forçados a adaptar-se a um mercado de trabalho instável e precário, assumem novos valores, mais focados na experiência e menos no lado material…

Vítor Sérgio Ferreira diz que “a sociedade valoriza cada vez mais a experiência diversificada e as competências informais”, referindo-se ao facto de que muitos jovens que se formaram em áreas da especialidade precisam ser versáteis, abarcando multifunções.

“Apesar disso, continuam a valorizar bastante a ‘estabilidade’ no trabalho, talvez pela raridade em que cada vez mais se traduz a concretização desse valor”, conclui o sociólogo.

Esta capacidade de adaptação à mudança é também notória na relação íntima que estabeleceram com as novas tecnologias, dada a facilidade na integração do digital no seu quotidiano.

jovens e educação

São mesmo considerados como a 1ª geração de “nativos digitais”, pois cresceram com acesso à Internet e desde cedo estabeleceram uma relação íntima com as novas tecnologias, que inclusive permite que muitos consigam facilmente ganhar dinheiro com negócios que criaram.

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