Fungos em animais: Podem contaminar pessoas?

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Quem tem animais de estimação certamente já ouviu falar de doenças causadas por fungos, em animais. Mas convém saber que esses fungos podem também contaminar os seres humanos…

Presentes no ar, solo, comida, plantas e matéria orgânica dos mais diversos ecossistemas, os fungos não atingem apenas animais e espaços húmidos, mas também podem causar grande impacto na saúde humana. E isso, desde reações alérgicas respiratórias, até ao agravamento de doenças relacionadas como a asma, rinites, conjuntivites, urticárias e dermatites atópicas.

Infeções por fungos têm sido negligenciadas

De acordo com o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos, dentre as doenças comuns causadas por fungos estão as infeções fúngicas das unhas, algumas micoses (dermatofitoses) e candidíases. E as pessoas com o sistema imunitário debilitado estão mais propensas às infeções por fungos, especialmente infeções oportunistas.

Apesar do seu impacto na saúde, as doenças causadas por fungos têm sido negligenciadas. Uma infeção fúngica é diferente das infeções causadas por outros microrganismos, por exemplo quanto à dificuldade na criação de medicamentos antifúngicos. E isso, porque as células dos fungos apresentam muitas semelhanças com as células dos animais aos quais infetam. Além disso essas infeções podem acometer, num mesmo hospedeiro, uma grande variedade de células diferentes, e até mesmo diferentes tecidos.

É possível que patógenos de animais nos contagiem?

Os animais, inclusive os de estimação, podem carregar consigo patógenos, ou seja, organismos capazes de causar doenças tanto neles mesmos como transmissíveis aos seres humanos. Essas doenças transmitidas entre animais (vertebrados) e seres humanos recebem o nome de zoonoses.

De modo geral, as zoonoses podem ser causadas por patógenos como protozoários, bactérias, fungos e vírus, entre outros.

A transmissão, para o ser humano, do patógeno presente no animal pode acontecer de forma direta ou indireta. As transmissões diretas ocorrem pelo contacto com as secreções do animal contaminado, isto é, o seu sangue, fezes, urina, saliva etc., ou ainda devido a mordidas e ferimentos (arranhadelas, por exemplo) causados pelo animal.

Já a transmissão indireta dá-se, habitualmente, tanto pelo contacto indireto com as secreções, como por meio da ingestão de alimentos contaminados (decorrentes do contacto ou consumo de animais contaminados), ou ainda por intermédio de outros organismos, como pulgas e mosquitos.

Fungos em animais e humanos, à escala mundial…

Os fungos em animais e as zoonoses decorrentes são um problema para a saúde pública mundial. As micoses superficiais são infeções causadas por fungos e estima-se que afetem cerca de 20 a 25% da população mundial!

Os fungos que causam micoses podem ser classificados, de acordo com o seu habitat, em antropofílicos (afetam humanos), zoofílicos (afetam animais e ocasionalmente humanos) e geofílicos (presentes no solo, afetam humanos e animais).

As Dermatofitoses (ou tineas/tinhas), são micoses superficiais causadas por fungos chamados dermatófitos, que usualmente atingem unhas, pelos e cabelos, tanto de seres humanos como de animais, domésticos ou não. O contágio e transmissão da doença nos animais ou pessoas pode acontecer por meio do contato direto com o ambiente (solo), objetos, e outras pessoas ou animais.

Os cães e gatos são um potencial transmissor dessa doença, em especial os filhotes, que geralmente apresentam sinais mais claros da infeção. Nos filhotes as dermatofitoses podem surgir como manchas na pele com escamações, crostas e vermelhidão, em áreas totalmente sem pelo ou com pelos quebradiços. As unhas também podem ser afetadas, tendo um aspecto esbranquiçado e opaco. Nos humanos a área afetada apresenta, igualmente, manchas avermelhadas e de aspecto escamoso.

A Malasseziose é uma infeção causada por um fungo do género Malassezia, que atinge a superfície da pele e tem capacidade para causar doenças em humanos e animais. Uma delas é a Pitiríase Versicolor, uma micose superficial comum, que afeta humanos. Outras espécies desse género podem causar a otite externa ou dermatites, em animais de estimação como cães e gatos.

A Esporotricose (ou doença do jardineiro) é uma micose subcutânea de âmbito mundial. A doença pode ser contraída quando em contacto com o solo e matéria vegetal, sendo que a forma de infeção cutânea é a mais comum. Apesar de atingir humanos, cães e outros animais, tem maior importância como zoonose quando presente em felinos (gatos). Isto porque a doença os afeta de forma mais intensa e grave e tem elevado potencial de transmissão. Esta, dá-se principalmente através das arranhadelas e mordidas, ou através do contacto com as gotículas de secreção respiratória do gato.

Outras doenças fúngicas relacionadas com animais e humanos

Ainda existem muitas outras doenças fúngicas preocupantes, que afetam animais e humanos. Algumas podem ter baixa incidência em certas condições ou regiões, ter ocorrência mais restrita, ou ainda aparecer conforme a sensibilidade de cada organismo aos fungos.

A Histoplasmose e a Criptococose são alguns exemplos.

Estas doenças decorrem da inalação de esporos de fungos, que podem estar presentes nas fezes de aves ou morcegos, bem como no solo. Geralmente, mesmo com a inalação do esporo não há o desenvolvimento de uma doença. Entretanto, nalguns casos, como o das pessoas imunodeprimidas, podem surgir sintomas mais graves. Uma das doenças decorrentes da Criptococose é a Meningite Criptocócica.

Como cuidar do animal de estimação?

Ter um animal de estimação pode trazer uma série de benefícios à saúde, tanto física como mental, reduzindo o stress e promovendo a sensação de felicidade. O ato de brincar ou passear (caminhar) com o seu pet também ajuda a reduzir a pressão arterial, bem como os níveis de colesterol e triglicéridos. E além disso, socializar com os seus animais de estimação é importante, nos casos de solidão ou depressão. Quanto às crianças, os cuidados exigidos pelos animais podem estimular valores como compaixão e responsabilidade.

Falando em responsabilidade, esse é um fator de relevo ao adotar um novo animal de estimação. Portanto, se está a pensar fazê-lo, procure informar-se sobre as necessidades especificas do novo membro da família. É fundamental conciliar as necessidades do animal com as condições de vida da família, não esquecendo os cuidados da saúde de todos.

Caso já tenha um bichinho de estimação, procure alinhar a opinião de um veterinário com a do seu médico (por exemplo no caso de ter alergias), para que possa manter o seu companheiro perto de si e todos permaneçam saudáveis.

E tenha presentes estas “dicas” que podem ajudar no dia a dia:

  • Alguns animais, como anfíbios (ex: sapos), répteis (tartarugas, lagartos e serpentes) e aves não devem ter contacto com crianças até aos cinco anos de idade, pois, nessa faixa etária, podem transmitir patógenos causadores de doenças graves;
  • Pessoas de idade ou com o sistema imunitário enfraquecido (e grávidas, em geral) são mais suscetíveis às zoonoses, o que não as impedirá de terem o seu bichinho… Mas devem ter mais cuidados na escolha e no trato com um companheiro de estimação;
  • Após lidar com o seu pet (por exemplo ao recolher as fezes, brincar, acariciar), lave bem as mãos; da mesma forma, mantenha-o limpo e saudável através de uma boa nutrição, vacinando-o e estando em dia com as visitas ao veterinário. Essas medidas de higiene são essenciais para prevenir a propagação de fungos em animais (e outros patógenos) e a eventual transmissão para humanos;
  • A higienização dos utensílios (tigelas de água, ração, brinquedos, etc.) dos animais não deve ser realizada na casa de banho e também na cozinha, ou noutras áreas em que se prepare alimentos;
  • Independentemente de onde o bichinho tiver feito o seu cocó, recolha-o e descarte adequadamente. Como as fezes podem conter patógenos, a coleta deve ser feita sem que haja contacto direto com elas (usando um saco ou pá, por exemplo); o mesmo vale para as caixas de areia usadas por gatos. Assim, se possível limpe-as diariamente;
  • Por mais agradáveis que os animais possam ser, não permita que as crianças (e adultos) tenham contacto com animais desconhecidos ou silvestres, sem se certificar primeiro de que isso é seguro (exemplo de zoológicos ou de animais de outras pessoas). E mesmo que saiba ser seguro, ainda é importante higienizar as mãos após ter mexido neles, e evitar beijá-los;

E lembre-se: ao manter o seu animal de estimação saudável, estará a proteger-se, e à sua família, diminuindo os perigos para a saúde, sobretudo os que são causados por fungos em animais.

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