Entre o mar e o campo

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Sabia que há quem lance peixes exóticos nos rios, contribuindo assim para ameaçar outras espécies piscícolas? E que há uma árvore já tão rara no nosso país, que no Caramulo apenas existe um exemplar?

Se para a população em geral o Dia Internacional da Diversidade Biológica é uma forma de alertar para algumas espécies em perigo de extinção, para a Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza – a data significa sobretudo a continuidade de ações que desenvolvem ao longo do ano no sentido de preservar essa biodiversidade.

Aproveitámos o tema para falar com José Paulo Martins, do Fundo Quercus para a Conservação da Natureza, que referiu algumas atividades que atualmente desenvolvem, designadamente as de reprodução de peixes em cativeiro para repovoamento no meio natural, e de reflorestação de espécies arbóreas em risco.

DE REGRESSO AOS RIOS E RIBEIRAS…

Neste mês de Maio, juntamente com o Aquário Vasco da Gama e o Centro de Biociências do ISPA, a Quercus procedeu à libertação no meio natural (neste caso na Ribeira de Colares e no Rio Arade), de mais de um milhar de peixes reproduzidos em cativeiro, designadamente das espécies Squalius pyrenaicus (escalo do sul – em Perigo de extinção) e Iberochondrostoma almacai (boga do sudoeste – criticamente em Perigo de extinção).

O objetivo é o de reproduzir e manter populações ex situ de algumas das espécies de peixes de água doce mais ameaçadas no nosso país, sendo os repovoamentos efetuados em troços dos rios de origem (dos indivíduos  inicialmente capturados para reprodutores) que apresentem características favoráveis à sobrevivência e reprodução dos peixes.

Cursos de água invadidos e degradados = extinção de espécies!

 Segundo José Paulo Martins, estão mais ameaçados os peixes de populações muito pequenas, em ribeiras, sobretudo nas alturas de seca… “sem esquecer a fauna de peixes exóticos que as pessoas lançam nos rios e que ameaça aquelas populações…”

A Quercus lembra que os cursos de água nacionais se encontram sob forte pressão, estando muitos deles sujeitos a uma degradação extrema. Aos efeitos combinados das descargas de poluentes, urbanos e industriais, que contaminam os cursos de água com excesso de nutrientes, juntam-se verões prolongados e com pouca chuva, muitas vezes devastadores para os organismos fluviais. E alerta para a proliferação de espécies invasoras, vegetais e animais, e para as más-práticas de intervenção nos habitats ribeirinhos, que contribuem também para aumentar os riscos a que se encontram sujeitos, em termos de conservação, as nossas espécies de peixes dulçaquícolas.

SOZINHA, NO CARAMULO…

 Chama-se Teixo, mas tem como nome científico Taxus baccata,a árvore que hoje em dia só existe no Gerês e na Serra da Estrela.

Trata-se de uma árvore rara de montanha, com uma área de expansão restrita e que, explica José Paulo Martins, também pela qualidade e beleza da sua madeira tem tido abate massivo um pouco por toda a Europa, estando fortemente ameaçada em Portugal … ao ponto de só existir, no Caramulo, um único exemplar!

 

E o facto é que, sendo uma planta que produz toxinas prejudiciais ao ser humano, o Teixo também produz substâncias de valor medicinal, designadamente para combater certos tipos de vírus, bactérias e fungos, possuindo ainda efeitos antioxidantes, anti-inflamatórios e antiulcerogênicos.

De forma genérica e segundo o especialista, o facto de cada vez menos se plantarem árvores e de a devastação ser cada vez maior (por inúmeras razões, que não só o flagelo dos incêndios), explica o rareamento de muitas espécies, sobretudo as de crescimento lento, como é o caso do Teixo.

José Paulo Martins revela que o seu grupo de trabalho está atualmente a proceder à reflorestação desta espécie, acompanhada de outras árvores que fazem parte do seu habitat…- uma ação que se enquadra no projeto LIFE + “TAXUS”, co-financiado pela União Europeia.

E acrescenta que para o êxito do empreendimento também muito contribui a sensibilização das populações, motivando-as para ajudar a proteger o mundo de todos e de cada um de nós.

Agradecimentos: Dr. José Paulo Martins

fcnatureza@quercus.pt

 DESDE 1992…

O Dia Internacional da Biodiversidade foi proclamado pelas Nações Unidas a 22 de Maio de 1992, visando alertar a população para a necessidade e importância da conservação da diversidade biológica.

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