Nova vacina, como funciona o desenvolvimento?

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Com a pandemia da Covid-19 ainda presente em vários países, a maior esperança para que possamos voltar a circular entre diferentes regiões com mais tranquilidade está no desenvolvimento de uma nova vacina eficaz, que garanta imunidade para grande parte da sociedade.

Diversos laboratórios têm vindo a dedicar-se a pesquisas e testes para acelerar o processo de criação de uma nova vacina – que não é simples, nem rápido. Por enquanto, ainda não há previsão da data em que esta imunização possa estar disponível, mas espera-se que ela chegue à população mundial ainda em 2021.

Afinal, o que é uma vacina?

As vacinas são agentes preventivos, que auxiliam o sistema imunológico humano a combater doenças, através de uma resposta mais rápida a um contato com o agente infeccioso. A prevenção é feita criando uma memória imunológica no nosso organismo, desenvolvendo células de defesa que produzem anticorpos e sejam capazes de lembrar e reconhecer o agente infeccioso.

Após a vacinação, com o reconhecimento desses corpos estranhos pelo nosso organismo, dá-se a resposta imunológica contra eles, com a produção de anticorpos para atacar esses invasores, sem que a pessoa adoeça.

Tempo e custo de uma nova vacina

O desenvolvimento de uma nova vacina é um processo longo – de alguns anos – e muito dispendioso (ao nível de centenas de milhões de dólares), principalmente nas fases de testes clínicos. São necessárias diversas etapas de pesquisas e testes, seguindo procedimentos éticos, protocolos de segurança, controle de qualidade e regulamentações extremamente rigorosas. Além de todos esses testes ainda há todo o processo de fabricação das vacinas em si, sejam elas para os ensaios ou, quando já prontas, para distribuição.

O que é preciso para fazer uma vacina?

Antes de se iniciar a pesquisa para o desenvolvimento de uma nova vacina, é necessário realizar e/ou rever estudos que procurem entender o funcionamento de microrganismos (vírus e bactérias) e as características das doenças que causam. Também se deve ter em conta, não só a doença que se quer imunizar, mas também a localização geográfica em que será aplicada. Feito isso, é possível dar início ao desenvolvimento da vacina adequada.

Regra geral, existem diferentes modos para se fazer uma vacina, conforme o microrganismo que for usado, e de que forma.

Por exemplo, existem vacinas que usam o microrganismo inteiro, mas atenuado, inativado, ou morto, enquanto outras utilizam apenas as toxinas, proteínas ou até fragmentos ou partes do microrganismo causador da doença.

Nalguns casos, as vacinas podem precisar de reforços (doses adicionais da vacina) para garantir a sua efetividade. Isso pode acontecer quando apenas uma dose não for suficiente para se construir uma imunidade completa. Já para outras vacinas, a dose de reforço é necessária para resgatar o nível de imunidade, uma vez que com o passar do tempo o efeito de algumas vacinas tende a diminuir. Além disso, há certos vírus que podem sofrer mutações, o que implica a necessidade de tomar, de tempos a tempos, uma nova vacina que contemple os vírus que circulam com essa nova mutação.

Como funcionam os Ensaios clínicos para testar uma nova vacina?

Na etapa inicial (testes pré-clínicos) são feitas análises e testes laboratoriais com culturas celulares / ou em animais modelos, a exemplo de ratos, entre outros, para verificar o poder de imunização e a sua segurança.

A partir daí tem início a etapa de ensaios em humanos. A 1ª fase de teste clínico é realizada geralmente com um pequeno grupo, com o intuito de delimitar níveis de segurança e a dose para o 2ª ensaio. A 2ª fase seleciona entre 100 e 1000 pessoas, verificando efeitos colaterais e a consistência da imunização. Já a 3ª e última fase realiza o teste num grande grupo de voluntários saudáveis (cerca de 10 mil), e dentro de uma área de ocorrência comum da doença. Isto para que seja verificada a eficácia, bem como efeitos colaterais raros ainda não identificados.

Todos os testes clínicos envolvem a aplicação da vacina testada e de um controle para comparação – outra vacina ou um placebo.

Por fim, existe a etapa de distribuição, também chamada de 4ª fase de testes (estudos de vigilância). Após passar com sucesso nas fases anteriores, a vacina é distribuída à população por programas de imunização públicos ou privados, sendo mantido o acompanhamento de efeitos adversos e a sua eficiência. E para que ela seja vendida e distribuída à população é necessário que se obtenham licenças fornecidas por órgãos regulamentadores.

Importa referir: não são apenas as pessoas que tomam a vacina que previnem a doença, mas a comunidade em geral também é beneficiada com a redução da transmissão.

E a vacina para a Covid-19?

Os procedimentos para a produção de uma nova vacina para a Covid-19 são semelhantes aos realizados para outas doenças, mas há um esforço para que esta seja desenvolvida de forma mais rápida do que qualquer outra já feita.

Segundo a Organização Mundial da Saúde existem, no momento, cerca de 160 vacinas em estudo (e esses valores sobem a cada dia) sendo 137 em testes pré-clínicos e 23 já na fase de testes clínicos com humanos. As vacinas-teste estão a utilizar como base diversas estruturas, como por exemplo o vírus atenuado ou inativado, um vetor viral, proteínas ou ácido nucleico do SARS- CoV-2 (DNA ou RNA).

Ainda de acordo com a OMS, apenas duas vacinas já entraram na Fase 3 (uma desenvolvida pela Universidade de Oxford, na Inglaterra, e a outra pelo laboratório chinês, Sinovac).

Como a fase 3 de testes clínicos procura verificar a efetividade das vacinas num cenário real da doença, elas têm sido testadas em países onde ainda há grande incidência de casos de Covid-19, como o Brasil.

Se alguma dessas apostas vencer os diversos desafios e se mostrar efetiva na fase 3, a vacina passará à fase de produção em larga escala para ser depois distribuída à população.

Nota final:

É importante frisar que apesar dos avanços nos testes ainda não existe a total certeza da eficiência de uma vacina, sobretudo com apenas uma dose. Por isso, mantenha os cuidados com o desconfinamento, evitando aglomerações e mantendo hábitos de prevenção, como o uso de máscaras de proteção individual e uma higienização constante.

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