Vacinação: um direito, também na idade adulta.

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Desde o dia 24 e até 30 de abril decorre a Semana Europeia da Vacinação, da Organização Mundial de Saúde – Região Europeia. A OMS pretende alertar para a necessidade de vacinação em todo o ciclo de vida.

 

A morte recente de uma jovem com pneumonia bilateral, motivada por sarampo, colocou o País em alerta, desencadeando uma onda de preocupação entre pais e educadores e, com ela, múltiplos debates de especialistas sobre o tema da vacinação (ou não vacinação) das crianças e jovens. Mas… e os adultos?

 

As celebrações da “Semana Europeia da Vacinação”, neste final de abril, serviram de mote ao arranque do “Movimento Doentes pela Vacinação”, o qual, apelando à população, aos profissionais de saúde e aos governantes, pretende derrubar as barreiras que existem à vacinação na idade adulta.

 

9 em cada 10 adultos com mais de 50 anos…

 

Embora seja recomendada pela DGS a grupos de adultos com risco acrescido de a contrair, ainda são poucos os que estão imunizados com a vacina antipneumocócica. Mais do que uma questão de acesso, as baixas taxas de imunização na idade adulta prendem-se, sobretudo, com a falta de informação ou de prescrição. Para divulgar recomendações, estatutos e direitos, e sensibilizar a população, profissionais de saúde e governantes para este problema, a Associação Respira juntou-se à Fundação Portuguesa do Pulmão e ao GRESP – Grupo de Estudos de Doenças Respiratórias da Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar, para lançar o Movimento Doentes pela Vacinação. Um Movimento que, esperam, possa vir a agregar outras associações, sociedades científicas e população em geral, com o objetivo comum de “alertar, informar e orientar todos os interessados sobre o tema”.

 

Segundo um estudo recente, 9 em cada 10 adultos com mais de 50 anos não estão vacinados contra a pneumonia. De acordo com o mesmo estudo, a falta de indicação médica é a principal razão para que estes adultos ainda não estejam imunizados. Isso apesar de existir, desde 2015, uma Norma da Direção Geral da Saúde (011/2015) que recomenda a vacinação de grupos de adultos com risco acrescido de contrair doença invasiva pneumocócica (DIP). A prevenção contra a Pneumonia, a forma mais comum da DIP nesta faixa etária, é, assim, recomendada a quem está mais fragilizado, como é o caso dos

membros de uma das entidades fundadoras, a Respira – Associação Portuguesa de Pessoas com DPOC e outras Doenças Respiratórias Crónicas.

 

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Falta de informação = poucos adultos vacinados!

 

Conscientes de que o acesso à informação é a base de uma boa prevenção, e de que, por falta de informação, ou de prescrição, ainda são poucos os adultos vacinados, a Respira, a Fundação Portuguesa do Pulmão e o GRESP juntaram-se no Movimento Doentes pela Vacinação. Lançada no dia 26 de abril, no âmbito da Semana Europeia da Vacinação, a iniciativa tem como principal objetivo sensibilizar doentes, profissionais de saúde, governantes e a população em geral, para a importância da vacinação antipneumocócica na idade adulta.

 

O Movimento Doentes pela Vacinação pretende derrubar as barreiras que existem à vacinação na idade adulta, transformando a informação disponível em consciência. Considera a vacinação antipneumocócica um direito fundamental e lamenta que ainda estejam tantos por vacinar por falta de informação: mais que o acesso económico, o principal entrave à vacinação antipneumocócica é a falta de conhecimento.

 

Vice-Presidente da Respira: “a Vacinação é um Direito!”

 

As celebrações da Semana Europeia da Vacinação (24 a 30 de abril), sob o tema “Vaccines work” / “As vacinas funcionam”, servem de mote para o arranque deste Movimento que começará com a Respira, a FPP e o GRESP, mas que em breve se estenderá a outras entidades e associações de doentes. Será essa uma das missões para as próximas semanas, a par de uma campanha de sensibilização a implementar junto de Juntas de Freguesia, Centros de Dia, Lares e outros locais frequentados por doentes de risco.

 

“É necessário dotar a população e os profissionais de saúde de consciência sobre o problema, e para isso nada como ir ao seu encontro. Começaremos pelas Juntas de Freguesia, pelos Centros de Dia, pelos Lares e outros locais que frequentam”, explica Isabel Saraiva, vice-Presidente da Respira, e fundadora do Movimento Doentes pela Vacinação. “Queremos consciencializar estas pessoas dos riscos que correm. Riscos desnecessários porque, felizmente, há prevenção.

 

No fundo, queremos que ponham a vacinação na equação, explicar que a Vacinação é um Direito e que a partilha de Informação sobre recomendações, aconselhamento e direitos, é uma obrigação dos Profissionais de Saúde. Será missão deste Movimento contribuir para o esclarecimento e para divulgação desta temática, para que doentes, profissionais de saúde e até governantes façam as suas escolhas em plena consciência”, acrescenta.

 

É BOM SABER QUE…

 

– Para além dos recém-nascidos, o Programa Nacional de Vacinação prevê a imunização antipneumoncócica gratuita de alguma população adulta.

 

– Segundo a Norma 011/2015 da Direção Geral da Saúde, os grupos de adultos com risco acrescido de contrair doença invasiva pneumocócica (DIP) devem vacinar-se.

 

– A vacinação é uma das maiores realizações em matéria de Saúde Pública. Milhões de vida têm sido salvas (e continuarão a ser), através dos programas de vacinação, que correspondem, em média, a apenas 0,5% dos orçamentos da Saúde.

 

– “Para os doentes com DPOC e outras doenças respiratórias crónicas, a vacinação contra a pneumonia é mandatária”, explica Isabel Saraiva, Vice-Presidente Respira. “A evidência demonstra a sua eficácia, nomeadamente na redução das exacerbações que são eventos graves com consequências imprevisíveis”, continua.

 

– O acesso à informação é o primeiro passo para uma boa prevenção. “As pessoas estão pouco informadas. Temos de alterar este cenário. Mesmo no caso de quem está recomendado e pertence aos grupos de alto risco, logo, com acesso gratuito à vacina contra a Pneumonia, as taxas de vacinação são extremamente baixas. Seja por falta de informação sobre os seus direitos, seja porque não houve prescrição por parte da equipa médica, o facto é que ainda há muitos grupos por imunizar”, explica Isabel Saraiva.

 

– Grupos de alto risco, como portadores de HIV, pessoas cuja imunidade está comprometida, pessoas com linfomas ou que tenham retirado o baço, estão entre aqueles que têm direito à vacinação sem quaisquer custos. À semelhança do que acontece com quem sofre de doenças respiratórias, a falta de informação e/ou de aconselhamento médico, são a principal causa das reduzidas taxas de vacinação.

 

Com o alargamento da vacinação a estes grupos, pretende-se uma redução da incidência da doença e, consequentemente, a diminuição das taxas de morbilidade e mortalidade por DIP. Previne-se, simultaneamente, complicações e sequelas da doença nos grupos mais vulneráveis, assim como o seu impacto social.

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