Pólenes do Ar: Como lidar com seus altos níveis

flor com pólen

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Em plena primavera e quase a chegar ao verão, o tempo continua a trazer-nos alguns passageiros adicionais. De tamanho microscópico, impossíveis de visualizar a olho nu, o pólen do ar são de facto visitantes indesejados,  pelas alergias que podem causar. 

Libertadas por algumas plantas, essas partículas minúsculas podem ser transportadas pelo ar através de grandes distâncias. Quando a concentração no ar de alguns grãos de pólen alcança determinados níveis, as pessoas que lhes são sensíveis desenvolvem, ao entrarem em contacto com eles, transtornos alérgicos. 

Como se desencadeia uma reação alérgica

Em Portugal a alergia ao pólen é relevante, ocupando o primeiro ou segundo lugar no número dos indivíduos alérgicos, dependendo da região. Em áreas com altos níveis de pólenes, quase 50% dos indivíduos alérgicos apresentam essa sensibilidade. Noutras regiões do País com menor contagem, essa prevalência pode variar entre os 12% e os 36%.

Ao respirar os pólenes do ar, o sistema imunológico da pessoa alérgica, seja criança ou adulto, procura combater a substância estranha, ativando células que libertam histamina e muitos outros mediadores no corpo, o que desencadeia o aparecimento de uma reação alérgica. 

A culpa é das Gramíneas?

Os grãos de pólen, quando na sua integridade, tendem a permanecer nas vias aéreas superiores devido ao seu elevado tamanho – 10 micrómetros ou mais. Aí, causam reações locais como espirros, coriza, vermelhidão, olhos lacrimejantes e outros sintomas típicos da rinite, além de poderem deflagrar ataques asmáticos. 

Em pessoas com asma, podem levar ao estreitamento das vias aéreas, dificultando a passagem do ar para os pulmões e causando cansaço e uma sensação de opressão no peito.

Segundo a SPAIC – Sociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia Clínica -, regiões como Lisboa, Évora, Portimão e Castelo Branco costumam apresentar altas concentrações de pólenes. 

Em geral, quase todos esses grãos têm potencial alergénico, mas existem algumas vegetações de maior interesse nos estudos sobre alergias na Europa. São elas a família das Gramíneas – um dos principais responsáveis pelas alergias em todo o mundo, que reúne 600 géneros e mais de 10 000 espécies -, além da Oliveira, Cipreste e Bétula.

Sintomas e intensidade das crises

Também conhecida como “febre dos fenos”, a rinite alérgica causada por essas micropartículas tem início logo que um indivíduo entra em contacto com o alérgeno. 

A intensidade das manifestações clínicas varia de pessoa para pessoa e até conforme a altura do dia, sendo o início da manhã e o final da tarde, em geral, os momentos de maior concentração. Entre os sintomas mais comuns estão a tosse, espirros, congestão nasal, lacrimejamento ou vermelhidão dos olhos, comichão no nariz, olhos e garganta, falta de ar, cansaço e dificuldade para dormir.

Variações, conforme o tempo

Apesar de poder surgir durante todo o ano, a “febre dos fenos” costuma ser mais observada na primavera e no outono, épocas em que a quantidade de pólenes do ar, produzidos pelas principais plantas com potencial alergénico, é maior. 

Aliás, as condições atmosféricas têm grande influência na concentração polínica do ar. O tempo seco e quente e/ou com ventos moderados favorecem a disseminação dos pólenes, enquanto a chuva faz os grãos caírem no chão, o que reduz o aparecimento de crises alérgicas. No entanto, uma atenção especial deve ser dada em dias de tempestade, que podem levar a uma aerolização desses agentes. 

As crianças também podem ser muito afetadas neste período. Em Portugal, a prevalência da alergia ao pólen costuma aumentar de acordo com a idade (cerca de 65% entre os 11 e os 15 anos). Mas verificou-se que em regiões com altas contagens, até mesmo crianças menores de 6 anos (à volta de 40%) sofrem com essa sensibilidade.  

Cuidados e prevenção

Apesar de não podermos controlar os níveis de pólenes, é possível atenuar os seus efeitos prejudiciais evitando ir ao campo em plena estação polínica, mantendo as janelas de casa fechadas ao fim do dia e também viajando de carro sem abrir as janelas. Ou seja, a melhor forma é limitar tanto quanto possível o contacto com o ar do exterior e, consequentemente, a exposição aos alérgenos. 

Outros hábitos que podem ajudar a amenizar os sintomas são:

  • Usar óculos de sol sempre que possível, para que o pólen não chegue aos olhos
  • Evitar estar próximo de plantas ou relva recém-cortada; se for necessário, deve utilizar-se uma máscara
  • Mudar de roupa logo que se chega a casa
  • Tomar banho e lavar o cabelo antes de dormir
  • Não colocar roupa para secar ao ar livre
  • Dar banhos semanais aos animais de estimação

Tratamento

O tratamento dos casos mais simples é feito com recurso a medicamentos capazes de bloquear a ação da histamina, um dos principais mediadores responsáveis pelos sintomas da alergia. Nos casos em que a prevenção e o tratamento não são suficientes, existe a opção da imunoterapia. Consiste em injeções com doses crescentes do alérgeno, o que resulta na dessensibilização do sistema imunitário do paciente, com o objetivo de parar a reação alérgica ou torná-la menos intensa.  

Em plena primavera as pessoas alérgicas devem estar atentas aos níveis de pólenes do ar e cuidar para que também as crianças e demais familiares possam aproveitar a beleza da estação, sem transtornos de saúde. 

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