Portugal é tido como uma referência no estudo, controlo e prevenção da Asma e da Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica, bem como pelo trabalho desenvolvido no âmbito do Programa Nacional para as Doenças Respiratórias, da DGS.
Pela primeira vez, Portugal recebeu a Assembleia Mundial da GARD – Global Alliance Against Chronic Respiratory Disease – que trouxe a Lisboa, este mês, cerca de 50 Organizações de mais de 30 países, dos 5 Continentes, para discutir e analisar os mais recentes dados relativos às doenças respiratórias crónicas.
A GARD é uma Aliança da Organização Mundial da Saúde que integra representantes de organizações nacionais e internacionais, com o objetivo comum de prevenir e controlar as doenças respiratórias crónicas, promovendo a melhoria da saúde respiratória no mundo.
Lançada em 2006 em Pequim, tem como principal base de trabalho a troca de experiências face à realidade existente em países com diferentes graus de desenvolvimento e pretende estabelecer uma cooperação ativa entre membros, projetos e programas nacionais e internacionais.
Estratégias globais para a Prevenção e Tratamento…
“Pretende-se definir estratégias transversais aos países em desenvolvimento e aos países desenvolvidos no sentido de melhorar a qualidade de vida dos doentes respiratórios crónicos, atuando quer ao nível da prevenção quer ao nível do tratamento, tendo em conta a realidade cultural de cada país”, explicou o Dr. José Rosado Pinto.
Consultor da área respiratória da DGS e da área pediátrica do Programa Nacional para as Doenças Respiratórias, este especialista que agora foi eleito, a convite da OMS / Geneve, para o Comité Executivo da GARD, acredita que “há objetivos e estratégias comuns que passam sobretudo pelos cuidados primários, que em qualquer país do mundo são a base da saúde.”
Portugal como “referência internacional”
A realização, em Portugal, desta 10ª Assembleia não terá sido ao acaso, segundo o coordenador nacional da GARD…
“Em termos de doenças respiratórias crónicas, Portugal é um dos países do mundo com menor baixa de mortalidade por asma e doença respiratória crónica.”
Quanto ao Programa Nacional para as Doenças Respiratórias (PNDR), o Dr. Rosado Pinto explica o motivo deste Programa ser hoje considerado uma referência internacional:
“Porque não há nos países europeus nenhum programa que, como o nosso, englobe um conjunto de patologias respiratórias como a Asma e a Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica (DPOC), além da Apneia do Sono, Hipertensão Pulmonar, Fibrose Quística e Doenças do Interstício Pulmonar. O facto de Portugal ter sido escolhido para organizar esta reunião mundial pode refletir o reconhecimento deste trabalho”.
ALGUNS NÚMEROS SOBRE A ASMA, EM PORTUGAL:
* A asma em Portugal, de acordo com o The Global Asthma Report 2014 da Global Asthma Network (GAN) e com os resultados da OCDE 2012, apresenta uma das mais baixas taxas de mortalidade e de internamento hospitalar dos países analisados.
* De acordo com o Estudo da Análise Preliminar dos Indicadores Nacionais de Asma 2014 do PNDR – Programa Nacional para as Doenças Respiratórias, estima-se que a prevalência em Portugal se situa em 7,4%.
* Ainda segundo esse Estudo, cerca de 20,7% dos doentes preenchiam critérios de asma não controlada e cerca de 26% não tinham seguimento regular.
* Por outro lado, o internamento é significativo no grupo etário abaixo de 18 anos e particularmente elevado acima dos 65 anos. A mortalidade hospitalar em 2012 e 2013 ocorreu sobretudo a partir dos 65 anos.
* De acordo com Instituto Nacional de Estatística (INE), em 2012 morreram por asma 144 doentes com uma idade média de 77,6 anos e 105 com mais de 75 anos. Apenas 23% dos doentes falecidos tinham menos de 65 anos.
* Entre 2012 e 2013 houve um acréscimo de internamentos, o que pode significar que a doença possa ter estado menos controlada ao nível dos Cuidados Primários de Saúde, como reflexo da crise económica e de um menor controlo terapêutico por parte dos doentes.
Agradecimentos:
Dr. José Rosado Pinto
Coordenador nacional da GARD