Mofo: Um inimigo a combater

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De facto  não será só nos meses de Inverno que o mofo ataca, mas é no tempo mais frio e húmido que estes fungos reinam nos espaços internos – casas, escolas, escritórios – fomentando e agravando os mais diversos problemas na saúde de quem neles habita ou passa várias horas por dia.

Para começar, existe uma relação direta entre o mofo e as alergias respiratórias, mas estes fungos são também responsáveis por infeções, efeitos tóxicos e, possivelmente, estados depressivos…

É que o mofo, que geralmente se associa “apenas” a um cheiro desagradável e a manchas que desfeiam as paredes e estragam as nossas roupas, é afinal um verdadeiro inimigo da saúde, como comprovam investigações realizadas por Universidades europeias e americanas.

Fatores ambientais

Atuam como “gatilhos” de reações alérgicas. Investigadores em todo o Mundo têm demonstrado que o facto de se viver em habitações com mofo está relacionado com a diminuição da função pulmonar, aumento no risco de falta de ar e tosse persistente, crises de asma e alergias, rinoconjuntivite, deflagração dos sintomas de rinite e também risco de asma diagnosticada em crianças predispostas.

Predisposição genética

Será o primeiro fator a considerar no caso das reações alérgicas. Quando ambos os pais são alérgicos há 50% de hipóteses de que os filhos também desenvolvam alergias. Quando apenas um dos pais é alérgico, a hipótese cai para 30%.

Entretanto, a exposição a certos tipos de mofo aumenta o risco de sensibilidade da criança para outros alérgenos provenientes dos ácaros da poeira doméstica, de grãos de pólen, animais de estimação, e de alimentos.

O principal perigo que resulta dos mofos são as alergias respiratórias, mas também são observadas reações infeciosas e até mesmo, tóxicas.

ALERGIAS – Estima-se que aproximadamente 30% da população seja alérgica e que esse número tenda a aumentar para 50% até à metade do século. Entre os diversos agentes que podem deflagrar alergias está o mofo. A resposta alérgica dependerá da sensibilidade da pessoa ao mofo, da quantidade à qual está exposta, e ao tipo de mofo em questão.

O número de pessoas alérgicas ao mofo varia muito entre regiões, mas pode passar dos 30% e sabe-se que mais de 80 tipos de mofo podem deflagrar alergias, sendo as principais as respiratórias, como a rinite, sinusite alérgica e asma atópica.  

O tratamento deve ser monitorado por um médico alergologista e passa por prescrição medicamentosa quando necessário, e também pelo controlo ambiental, com redução da exposição ao mofo.  

REAÇÕES INFECCIOSAS – Estudos publicados demonstram que o mofo está na origem de surtos de infeções fúngicas que levam a complicações graves, e mesmo, nalguns casos, até à morte.

Designadamente os indivíduos com sistemas imunológicos enfraquecidos possuem elevado risco de as adquirir através de fungos, denominados nesse caso como patógenos oportunistas. Estão incluídos neste grupo de risco idosos, pacientes com sida, pacientes com cancro ou sob tratamento para o cancro, e indivíduos transplantados.

Por isso este tipo de infeção está a tornar-se cada vez mais comum nos últimos anos devido a mudanças na forma como a população lhe é suscetível.

REAÇÕES TÓXICAS – Sob determinadas condições ambientais, algumas espécies de fungos são capazes de produzir toxinas denominadas de micotoxinas, as quais, por sua vez, aumentam a proliferação do próprio mofo.

E ele é responsável por reações tóxicas que podem mesmo levar ao cancro, segundo um estudo conduzido pelo CDC / Center of Diseases Control – organismo norte-americano ligado à saúde pública.

Hoje conhecem-se mais de 300 micotoxinas, sendo consenso entre os especialistas que muitas delas são produzidas por mofos em alimentos, e outras pelos ambientes internos. Assim, a principal dica é a necessidade de medidas de controle à exposição através dos alimentos e da manutenção de uma boa qualidade do ar interior.

ESTADOS DEPRESSIVOS – Tem sido demonstrado que um ambiente saudável é fundamental, não apenas para a saúde física, mas igualmente para a saúde psíquica das pessoas.
Por exemplo, estudo publicado no American Journal of Public Health diz existir uma ligação entre residências húmidas e com mofo e sintomas depressivos, tais como a diminuição do apetite, baixa autoestima e distúrbios do sono.

Também a Organização Mundial de Saúde (OMS), em parceria com entidades ligadas à saúde pública, levantou a hipótese de que os sinais de depressão resultavam das doenças físicas provocadas pelo mofo, como a fadiga, resfriados e problemas de garganta, e não necessariamente de condições socioeconómicas como a crise ou o desemprego.

O Mofo em Locais de Trabalho

Investigações centradas em ambientes de trabalho confirmam que o mofo contribui para problemas de qualidade do ar e para a Síndrome dos Edifícios Doentes, que a Organização Mundial de Saúde diz existir quando pelo menos 20% dos ocupantes se queixam de sintomas como fadiga, dores de cabeça, falta de ar, irritação da pele, etc.

Há relatos de situações em que 66% dos ocupantes de um escritório se queixavam de sintomas respiratórios antes de procedimentos de limpeza do mofo. Depois de duas intervenções, quando nenhum mofo visível ou odor foram detetados, as queixas caíram para 4%.

Ou seja, o facto de se viver e trabalhar em habitações e escritórios com mofo está relacionado com crises de asma e alergias respiratórias, sendo necessárias medidas de controlo para manter uma boa qualidade do ar.

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