Na altura em que as doenças alérgicas mais se intensificam, este artigo do Dr. Mário Morais de Almeida, Presidente da Associação Portuguesa de Asmáticos, mostra a importância decisiva do despiste e controlo da asma, que afeta cerca de 1 milhão de portugueses. É preciso controlar a asma.
A asma é uma doença crónica prevalente que afeta pessoas de todas as idades, do lactente ao adulto idoso, sendo responsável por múltiplos recursos aos serviços de urgência e por um número crescente de episódios de internamento hospitalar, decorrentes da gravidade clínica relacionada com um deficiente controlo.
É que dos cerca de 1 milhão de asmáticos existentes em Portugal, aproximadamente metade não estão controlados, o que representa um problema de saúde pública.
E a perceção do asmático acerca do controlo da sua doença é deficiente em cerca de 80% daqueles que têm a sua qualidade de vida significativamente limitada por esta doença. Importa, pois, sensibilizar e alertar para a importância do controlo da asma.
REFORÇO DE INFORMAÇÃO
A equipa de saúde tem um papel importante na informação e educação do asmático, com vista a um melhor conhecimento da doença, aumentando-se ainda a adesão ao tratamento. Tem sido demonstrado que existe uma melhoria significativa no controlo da doença e na redução do uso de medicação de alívio em doentes que recebem reforço de informação. E, ao mesmo tempo, reduzem-se os custos.
A educação do doente, bem como a implementação de programas de intervenção multidisciplinares, permite um melhor conhecimento da utilização dos fármacos antiasmáticos, nomeadamente dos inaladores, e dos motivos geradores do não controlo da doença.
ACABAR COM MITOS E CRENÇAS
Importa esclarecer e acabar com mitos e crenças, oferecendo, em contrapartida, as noções corretas:
Na maioria dos casos, a asma não é difícil de diagnosticar, mesmo na criança;
- A asma não passa com a idade;
- O sintomas são a base do diagnóstico da asma;
- A asma pode afetar muito a qualidade de vida;
- A asma pode ser controlada;
- Se bem utilizados, os tratamentos para a asma não são perigosos;
- Os corticoides por via inalatória são seguros.
- Os broncodilatadores não “fazem mal ao coração”;
- É muito perigoso deixar a asma controlar a nossa vida.
Importa falar com os asmáticos. Colocar-lhes questões. Pedir-lhes para questionarem os profissionais sobre as suas dúvidas e receios. Importa medir o controlo. E interpretá-lo. Tem asma? Conhece asmáticos? Sabe que é uma doença crónica que tem controlo? Sabe que a maioria dos asmáticos não avalia a sua doença? Sabe
que, quando se avalia o controlo da asma, a maioria dos asmáticos estão mal ou muito mal controlados?
E afinal, o que é a falta de controlo? É ter sintomas diurnos e noturnos, é ter uma vida, física e psiquicamente pouco ativa, é ter crises de falta de ar, é faltar ao trabalho ou à escola, é estar sempre cansado. É frustrante.
Consegue correr? Dorme bem? Subir escadas é possível? O nariz está sempre tapado? O que é que deixa de fazer? E os seus filhos? Afinal, não sabia que tinha asma?
PARTICIPE!
O diagnóstico baseia-se nos seus sintomas e em alguns exames, iniciando-se então um programa de controlo, assente em educação, evicção alergénica e alguns medicamentos, usados de forma tal que se consiga a maior eficácia ao menor custo.
E, é claro, a medicação de crise tem de estar sempre presente. A educação é essencial. Importa que a doença seja gerida em conjunto pelos profissionais de saúde e pelo asmático e seus familiares, isto é, consigo e para si. Participe. Inscreva-se na Associação Portuguesa de Asmáticos.
Mas também sabemos que os custos penalizam os doentes, em particular os que têm asma mais grave. A asma tem controlo, mas o custo, de facto, pode ser insuportável.
Os asmáticos não devem ter medo do tratamento, pois é a asma que cronicamente, dia após dia, ano após ano, década após década, nos perturba a qualidade de vida, em especial se não está bem controlada.
Informe-se e estabeleça uma boa relação com a equipa de saúde. Comunicação é a “pedra de toque”. É essencial.
Agradecimentos:
Este artigo está assinado pelo Dr. Mário Morais de Almeida, Presidente da Associação Portuguesa de Asmáticos, a quem agradecemos, bem como à revista “Saúde e Bem-estar”, que gentilmente o cedeu.
Mais informações em: www.venceraasma.com