Alimentação e crises alérgicas: qual a relação? (parte 1)

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Tudo o que ingerimos tem efeitos no nosso corpo, tanto para o bem-estar como para o risco de problemas de saúde. Neste artigo veremos, primeiro, que medidas podem ajudar a reduzir a incidência das crises alérgicas na alimentação.

Somos o que comemos! Esta frase, uma das mais mencionadas em livros de dietas alimentares e sessões de acompanhamento nutricional, tem grande relevância na rotina contemporânea.

A importância de uma saudável dieta alimentar

É um facto que tudo o que ingerimos possui algum efeito sobre o corpo. Se escolhermos bem os nossos alimentos eles ajudam-nos a ter uma vida melhor, mais feliz e duradoura. Por outro lado, se optarmos por produtos de baixo valor nutritivo e ultraprocessados, abrimos as portas a diversas doenças, com sensações de desânimo e mal estar. 

Uma dieta saudável irá ajudar tanto no desenvolvimento e crescimento adequados das crianças, como também a reduzir o risco, em adultos, de doenças crónicas, como a obesidade, problemas cardíacos, diabetes tipo 2 e certos tipos de cancro. E quanto mais cedo os hábitos saudáveis fizerem parte da nossa vida, melhor. Por exemplo, as crianças que são amamentadas estarão mais protegidas contra infeções respiratórias, asma e, até, a Síndrome da Morte Súbita Infantil (SMSI).

Mas se as doenças crónicas são claramente influenciadas pela nossa alimentação e hábitos no dia a dia, no caso das alergias a associação é mais subjetiva. Não há uma relação direta entre o consumo de um alimento e a cura ou alívio imediato de alergias, até porque além dos fatores ambientais, a genética também tem grande influência neste problema.

Mas não há alimentos que ajudem a lidar com as alergias?

Sim, há. Contudo, é importante lembrar que os efeitos de uma dieta balanceada e nutritiva não são imediatos, e sim colhidos no decorrer do tempo e com a manutenção dos cuidados alimentares.

E ainda que de forma genérica seja pouco provável que os alimentos, individualmente, ofereçam uma proteção específica, deve considerar-se que alguns padrões alimentares podem ajudar. 

Dito isto, alguns estudos demostram que certos alimentos têm propriedades que ajudam o organismo num melhor combate às crises alérgicas. É o caso dos que possuem a Vitamina D, indicada nessas pesquisas como tendo concentração mais baixa em pessoas com asma e alergias. É importante verificar e manter um nível adequado desta vitamina, o que também pode ser benéfico para aliviar / diminuir sintomas de asma e respiratórios.

A vitamina D pode ser obtida, principalmente, através da exposição diária ao sol (pelo menos 10 a 15 minutos), mas também pelo consumo de leite, cereais e peixes gordos, como o atum, salmão, sardinha e arenque, entre outros.

Os alimentos que contêm antioxidantes estão associados às vitaminas C, E, e aos flavonóides, que se encontram nas frutas e vegetais.

Estes alimentos também apresentam umefeito anti-inflamatório pelo que, ao mantê-los na sua dieta poderão, ao longo do tempo, ajudar a aliviar os sintomas ou mesmo prevenir crises de asma.O ómega 3, presente em peixes e outros alimentos,também possui esse tipo de ação anti-inflamatória. De referir que alguns alimentos podem ter benefícios específicos, como no caso dos bróculos, que têm sido apontados por ajudar a reduzir a inflamação nasal.

Sobre a dieta mediterrânea…

Alguns dos alimentos acima mencionados – como as verduras, frutas, peixes e cereais – fazem parte da chamada dieta mediterrânea.

Muito se tem estudado sobre esta dieta, pois os países que a utilizam aparentam ter menor prevalência de alergias. Entretanto, a sua aplicação em estudos com crianças demonstrou que havia bem menos hipóteses de que elas apresentassem sintomas de rinite alérgica.

De referir que, nas alergias e crises de asma, o impacto positivo dos alimentos desta dieta, bem como dos nutrientes acima referidos, está mencionado em estudos médicos. Porém, com a ciência em constante desenvolvimento não existem certezas, mas apenas direções que podemos seguir.

Na presença da alergia alimentar, o que fazer?

Em presença de alergias alimentares é necessário um cuidado extra, já que elas podem causar desde eczemas, até sério risco de vida. Por isso, em caso desse tipo de alergia, constatada pelo seu médico, será necessário evitar, na sua dieta, os alimentos alergénicos.

Por outro lado, muitas pessoas assumem a partir disso que, no caso dos bebés, também é necessário evitar alguns alimentos, como forma de prevenir que desenvolvam estas alergias. 

No entanto, há cada vez mais estudos a indicar que a restrição, para eles, de alimentos potencialmente alergénicos no início da alimentação sólida, não ajudaria, de modo geral, na prevenção da alergia alimentar, podendo mesmo favorecê-la.

Por isso, algumas orientações sugerem que a inserção gradual e cuidadosa desses alimentos a partir do momento em que a criança começar a ingerir alimentos sólidos – geralmente por volta dos 6 meses – poderia proteger das alergias alimentares.

Em resumo, sugere-se que as crianças experimentem um alimento de cada vez, na forma e texturas adequadas à idade, de forma a que se percebam facilmente eventuais reações, inclusive alérgicas. E, se possível, o ideal é esperar entre 3 a 5 dias entre cada novo alimento.

Quanto aos alimentos alergénicos mais comuns, estão o leite, ovos, peixe, marisco, nozes, amendoim, trigo e soja.

Nota!

É indispensável a consulta médica para tirar todas as dúvidas, sobretudo se houver um histórico familiar de alergia alimentar. O pediatra e/ou alergologista da criança indicará quais as melhores opções.

E há outros alimentos benéficos?

Atualmente a ciência ainda trabalha para encontrar respostas sobre a influência direta ou indireta dos alimentos na prevenção das alergias, ou no alívio dos seus sintomas.

Por exemplo, no caso do mel… Muito se tem pesquisado sobre as possíveis propriedades bactericidas, antivirais, anti-inflamatórias e antioxidantes deste alimento, e alguns estudos são promissores, demonstrando, por exemplo, o alívio de dermatites e tosses. Mas atenção: só deve ser dado a crianças a partir do ano de idade, num consumo moderado, por ser bastante calórico.

Adicionalmente, muitos estudos fortalecem a ideia de que alimentos probióticos (ricos em microrganismos vivos), como os leites fermentados e iogurtes, poderiam ter uma influência benéfica no organismo. O mesmo para os prebióticos (que ajudam na manutenção dos microrganismos intestinais), como leites, banana, cebola, alcachofra e cereais.

Mas muito há ainda a confirmar para conhecer o real impacto destes alimentos nas alergias.

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Não esquecer que:

O leite materno é a melhor forma de alimentar as crianças pelo menos até aos 6 meses já que, ajudando a fortalecer o sistema imunitário do bebé, pode evitar eczema, pieira, e a própria alergia ao leite de vaca.

E agora que já sabe quais são os alimentos que podem ajudar, no campo das crises alérgicas, a manter uma dieta saudável e balanceada, falaremos aqui num próximo artigo dos que, pelo contrário, podem prejudicar o sistema imunitário, ou mesmo agravar o problema das alergias.

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